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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

MENINO JEUS DA CARTOLINHA - MIRANDA DO DOURO - TRÁS-OS-MONTES.


Diz a lenda que, no tempo das guerras da Restauração, Miranda do Doutro esteve dias e dias cercada pelas tropas espanholas, ao ponto de, sem mantimentos nem munições para resistir, nada mais restar do que render-se definitivamente ao domínio invasor. E eis senão quando um menino de chapéu de palha, desconhecido, irrompeu pelas ruas gritando contra os espanhóis e apelando à revolta dos populares. Tal foi o bastante para que o povo ganhasse o alento que lhe faltava. Num ápice todos saíram à rua - uns com enxadas, ancinhos e forquilhas, outros com paus, cutelos e machados - unindo-se às tropas fragilizadas da restauração. E assim conseguiram afugentar e vencer os invasores. No final, o povo procurou o tal menino, travesso, refilão, o do chapeuzinho de palha. Queria louvá-lo. Vitoriá-lo. Mas quê? Onde estava? Quem era ele? Ninguém sabia. Tinha, pura e simplesmente, desaparecido.
O povo acreditou então que havia sido o Menino Jesus que ali caíra, por milagre, para salvar a cidade. E logo mandou esculpir a imagem que passou a ser venerada na catedral. Entretanto, uma jovem que, na mesma batalha, havia perdido o noivo, um oficial das tropas portuguesas, resolveu oferecer o traje militar ao menino. E daí nasceu a tradição da dádiva de roupas. Muitos anos depois, porque alguém achou que o chapéu de palha não condizia com a nobreza do traje, e tão-pouco com o "estatuto" de um comandante, colocaram-lhe então a cartolinha. E que bem que lhe fica!
A festa do Menino Jesus da Cartolinha celebra-se no dia de Reis, Domingo antes ou depois do dia 6 de Janeiro. Como é padroeiro das crianças o andor é transportado aos ombros por quatro meninos que se revezam ao longo da procissão.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

JANEIRAS



Em certas regiões (e países) existe um costume em que
grupos de crianças cantam cânticos e canções de Natal de
porta em porta, na esperança de que as pessoas ofereçam
doces, chocolates, dinheiro, etc.
Esses cânticos de Natal de rua têm nomes diferentes e
ocorrem em dias diferentes conforme os países:


- Na Grécia, no dia 24 de Dezembro, cantam-se as
Kalandas.


- No Reino Unidos e nos Estados Unidos, no dia 26 de
Dezembro cantam-se os Christmas Carols.
Em Portugal cantam-se as Janeiras, a 6 de Janeiro, no Dia de
Reis e, no mesmo dia, cantam-se em Espanha os Villancicos, geralmente acompanhados
por pandeiretas e castanholas.


• As Janeiras são uma tradição antiquíssima
Formam-se grupos pequenos ou com dezenas de elementos que cantam e animam as
localidades, indo de casa em casa ou colocando-se num local central (esta é uma versão
mais recente), desejando de uma forma tradicional um bom ano a todos os presentes.
Nos grupos de janeireiros, toca-se pandeireta, ferrinhos, tambor, acordeão e viola, por
exemplo.
Em muitas aldeias esta tradição mantém-se viva, especialmente no Norte de Portugal e nas
Beiras:
"Nesta altura juntam-se os amigos que vão cantar as janeiras a casa dos vizinhos.
Antigamente recebiam filhoses, vinho e outros artigos que as pessoas possuíam" conta
António Manuel Pereira, presidente da Federação de Ranchos Folclóricos da Beira Baixa.
No entanto, cantar as Janeiras ainda se faz um pouco por todo o País.
As pessoas visitadas eram (são) normalmente muito receptivas aos cantores e aos votos
que vêm trazer, dando-lhes algo e desejando a todos um bom ano.
Mas há sempre alguém mais carrancudo que não recebe bem os janeireiros, então,
segundo uma recolha dos alunos da EB1 de Monte Carvalho, em Portalegre, às pessoas
que abrem "bem" a porta canta-se assim:
Esta casa é tão alta
É forrada de papelão
Aos senhores que cá moram
Deus lhe dê a salvação.
E aos que não abrem a porta canta-se uma canção a dizer que os janeireiros estão
zangados, porque as pessoas não lhe abrem a porta. É assim:
Esta casa é tão alta
É forrada de madeira
Aos senhores que cá moram
Deus lhe dê uma caganeira.
Estes alunos referem-nos também que no fim os janeireiros fazem um petisco: bebem
vinho e comem os chouriços assados.

Exemplos de Janeiras :


Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da EB1 de Catraia Cimeira
(Castelo Branco)
Boas noites, meus senhores,
Boas noites vimos dar,
Vimos pedir as Janeiras,
Se no-las quiserem dar.
Ano Novo, Ano Novo
Ano Novo, melhor ano,
Vimos cantar as Janeiras,
Como é de lei cada ano.
Vinde-nos dar as Janeiras,
Se no-las houverdes de dar,
Somos romeiros de longe,
Não podemos cá voltar.


• Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da Escola EB1 e Jardim de
Infância de Ínfias (Fornos de Algodres)
Aqui vimos, aqui vimos
Aqui vimos bem sabeis
Vimos dar as boas festas
E também cantar os Reis.
Nós somos as criancinhas
Que pedimos a cantar
Pedimos as Janeirinhas
E bênção p'ra este lar.
Levante-se daí senhora
Desse banco de cortiça
Venha nos dar as Janeiras
Ou morcela ou chouriça.
Levante-se daí senhora
Desse banquinho de prata
Venha nos dar as Janeiras
Que está um frio que mata.
As Janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis
Olhai lá por vossa casa
Se há coisa que nos deis.
Boas festas, boas festas
Está a alba a arruçar
Venha-nos dar as Janeiras
Que temos muito para andar.
Obrigado minha senhora
Pela sua Janeirinha
P' ro ano cá estaremos
Nós e mais as criancinhas.
Quem diremos nós que viva
Na folhinha da giesta
Já lhe cantámos as Janeiras
Acabou a nossa festa.
Exemplos de Janeiras 2


• Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da EB1 de Moitas
Boas festas, boas festas
Nós aqui as vimos dar
Às senhoras desta casa
Se as quiserem aceitar.
Somos os jovens da Moita
É Natal e agora Reis
Vimos pedir as Janeiras
E as esmolas sim, vós dareis.
O dia está alegre
Não vamos ficar cá fora
Venham-nos dar as Janeiras
Depressa e sem demora.
Ó minha rica senhora
Não tenha vergonha não
Ponha a mão na salgadeira
Puxe lá um chourição.
Ficámos agradecidos
Pela oferta recebida
Que tenham muita saúde
E muitos anos de vida.


• Escritores famosos também recolheram quadras de Janeiras, foi o caso de Vitorino
Nemésio (1901 - 1978)
Ó de casa, alta nobreza,
Mandai-nos abrir a porta,
Ponde a toalha na mesa
Com caldo quente da horta!
Teni, ferrinhos de prata,
Ao toque desta sanfona!
Trazemos ovos de prata
Fresquinhos, prá vossa dona.
Senhora dona de casa,
À ilharga do seu Joaquim,
Vermelha como uma brasa
E alva como um jasmim!
Vimos honrar a Jesus
Numas palhinhas deitado:
O candeio está sem luz
Numa arribana de gado.
Mas uma estrela dianteira
Arde no céu, que regala!
A palha ficou trigueira,
Os pastorinhos sem fala.
Dá-lhe calorzinho a vaca,
O carvoeiro uma murra,
A velha o que traz na saca,
Seus olho mansos a burra.
Já as janeiras vieram,
Os Reis estão a chegar,
Os anos amadurecem:
Estamos para durar!
Já lá vem Dom Melchior
Sentado no seu camelo
Cantar as loas de cor
Ao cair do caramelo.
O incenso, mirra e oiro,
Que cheirais e luzis tanto,
Não valeis aquele tesoiro
Do nosso Menino santo!
Abride a porta ao peregrino,
Que vem de num longe, à neve,
De ver nascer o Menino
Nas palhinhas do preseve.
Acabou-se esta cantiga,
Vamos agora à chacota:
Já enchemos a barriga,
Sigamos nossa derrota!
Rico vinho, santa broa
Calça o fraco, veste os nus!
Voltaremos a Lisboa
Pró ano, querendo Jesus
Exemplos de Janeiras 3


• Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da EB23 Marquesa de Alorna,
Lisboa
Esta noite é de Janeiras
Esta noite é de Janeiras
É de grande merecimento
Por ser a noite primeira
Em que Deus passou tormentos.
A silva que nasce à porta
Vai beber à cantareira
Levante-se daí, senhora
Venha-nos dar a Janeira.
Levante-se daí, senhora
Do seu tão caro banquinho
Venha-nos dar a Janeira
Em louvor do Deus Menino.
Vinde-nos dar a Janeira
Se no-la houver de dar
Nós somos de muito longe
Não podemos cá voltar.
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras
Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas
Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte
Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra
Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza
Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura
Letra e Música de Zeca Afonso