Com seu trajo mais airoso, andava graciosa, passeando-se pelas ruas da Baixa de Coimbra, principalmente junto à Estação Velha, sobretudo aos domingos à tarde, chamando pelas freguesas numa voz aguda e melodiosa: Arrufadas de Coimbra!
********************************* ARRUFADAS DE COIMBRA
Arrufada é um doce tradicional da região de Coimbra.
Estas pequenas bolas de massa lêveda, muito fofas, são uma das especialidades da doçaria de Coimbra e a sua origem está associada ao convento de Santa Ana,mas também é referida nos livros de receita e despesa do Convento de Santa Clara-a-Velha. Antes era possível encontrá-las com duas formas: redondas, como são hoje mais comuns, ou em feitio de ferradura. Na Páscoa, e em ambos os casos, eram enfeitadas com açúcar.
Nas tarefas do monte, como cortar mato, vestia-se assim na freguesia de Perre:
Homem:
Traje de trabalho, muito simples, em que: as calças são de fraldilha , em tons de castanho, com abertura e bolsos na frente. A camisa é branca, de estopa e, sobre ela veste o colete de fazenda preta que aperta à frente com botões.
Usa, ainda, uma faixa preta à cinta, tamancos e carapuço de lã ou chapéu de feltro preto.
Pode ainda usar, facultativamente, polainas de saragoça, e vara com a cabaça do vinho.
Mulher:
No traje do monte, a saia, pelo meio da perna, alterna o castanho - que domina - com listas pretas. O “forro” é prelo e sem bordados. O avental, com riscas próprias, é em tons escuros, tal como o colete que tem o rigor preto aperta à frente com cordões.
A camisa é branca, em estopa, ou linho grosso pelo meio do braço, terminando com renda ou “bico” em croché. O traje é completado por dois lenços: um na cabeça e outro no pescoço; uma algibeira muito simples, ornamentada com fitas; socos e polainas de saragoça; na mão uma luva, de saragoça, sem dedos, para ajudar a carregar o mato. E apesar deste ser um traje de trabalho, a mulher não descurava o uso do ouro usando brincos (chapólas) e colar de contas, por vezes com uma borboleta.
Vieira de Leiria, fica situada no Concelho da Marinha Grande, bem dentro da maior mancha de pinheiro bravo do País, que constitui o Pinhal Litoral, conhecido por Pinhal do Rei.
A sua Praia (Praia da Vieira) dista 3 quilometros da sede de freguesia e é por excelência uma magnífica estância balnear, com uma vida simples, mas dura e alegre da pesca artesanal (Arte Xávega) que ainda hoje se pratica.
Desde tempos remotos que os seus habitantes se aventuraram, em pequenos barcos (Meia Lua) enfrentando corajosamente o mar, quantas vezes bravio, o que lhes valeu o titulo de Lobos do Mar.Permanece ainda na memória colectiva o naufrágio do Salsinha, em 1907, onde perderam a vida 13 pescadores a poucos metros da praia, no contrabanco, perante o desespero das mulheres que gritavam e rezavam no areal.
Foram estes homens e estas mulheres, que ao cantarem a sua terra, a vida no mar, as suas alegrias e tristezas, nos deixaram as tradições, toda uma cultura virada para o mar. Mas não só. Vivendo numa relação directa e dependência do Pinhal do Rei, notório se torna que a influência deste se fizesse sentir e assim alguns tornaram-se Serradores. Neste seu mister percorreram vários pontos do País e até Estrangeiro.
Desta sua deambulação, conhecendo novos povos, novas culturas, foram trazendo novos costumes e as canções dessas terras distantes.
Foi assim que apareceram no nosso Folclore a “A Espanhola”, “O Corridinho”, “ O Barqueiro do Tejo” e tantas outras músicas. Durante a época do Inverno, quando o mar não permitia a pesca e a fome se fazia sentir, os pescadores migravam em busca de trabalho, rumo ao Tejo (Borda D’água), são estes Vieirenses que Alves Redol imortalizou no seu livro (Os Avieiros).
Não se conhece a data da criação do primeiro Rancho que existiu na Vieira, há porém noticia de que na viragem do século 19 para o 20, um grupo de senhoras se apresentou cantando e dançando pelas ruas da Vieira, denominando-se o Rancho das Silvérias e que em 1947 nas comemorações do oitavo centenário da conquista de Lisboa, se apresentou um grupo folclórico da Vieira, ficando em 2º lugar na classificação então feita pela organização. Este grupo manteve-se por vários anos sediando-se quer no lugar da Praia, quer na sede de freguesia.
Foi então que em 1979, estando o grupo inactivo e com vista à sua participação nas festas em honra de Nossa senhora dos Milagres, Padroeira da Vieira, nasceu o Rancho Folclórico Infantil Peixeiras da Vieira, sendo integrado na Biblioteca de Instrução Popular, Colectividade de Cultura e Recreio, fundada em 1932. Actualmente o Rancho deixou de ser infantil e é composto por tocadores, cantadores e dançarinos num total de cerca de 50 elementos. O seu repertório é constituído pelas danças e cantares mais característicos de Vieira de Leiria e sua Praia, canções que os Ranchos citados cantavam e outras que foram recolhidas nas pessoas mais idosas da freguesia. O traje é típico das gentes da beira-mar desta zona do litoral, vestindo as mulheres traje de trabalho e os homens traje de trabalho e domingueiro.
Desde a sua fundação, o Rancho Peixeiras da Vieira conta com um extenso palmarés com centenas de actuações em todo o País, tanto em festivais de Folclore, Nacionais e Internacionais, assim como em animações culturais e recreativas, participou em vários programas de televisão, tendo também actuado na Alemanha, França e Espanha. O Rancho Peixeiras da Vieira gravou no ano 2000 o seu repertório em CD o qual intitulou (Praia do Lis) “Recordar”, assim em conjunto com os seus antecessores, conta com 3 singles gravados, uma cassete e o presente CD.
A Biblioteca de Instrução Popular, Associação na qual se integra o Rancho Peixeiras da Vieira, organizou já 24 Festivais de Folclore em Vieira de Leiria, sendo dois destes de caracter internacional. O Rancho Folclórico Peixeiras da Vieira é membro efectivo da Federação do Folclore Português.
Festa dos TabuleirosA Festa dos Tabuleiros, ou Festa do Divino Espírito Santo, uma das mais ricas e famosas romarias portuguesas, celebra-se em Tomar, de quatro em quatro anos. Inicia no Domingo de Páscoa com a Festa das Coroas e as restantes cerimónias vão tendo lugar em dias marcados até ao mês de julho. Na origem, era uma cerimónia religiosa de entrega de oferendas ao Espírito Santo, condenada pelo Concílio de Trento, provavelmente pelas suas reminiscências de festa pagã em tributo à Natureza como, por exemplo, as festas das colheitas, na época romana, em homenagem à deusa Ceres. Segundo consta, a Rainha Santa Isabel foi a responsável pela cristianização do evento. Hoje, é uma romaria popular de grande atração turística e o seu carácter cíclico suscita alguma expectativa e curiosidade, mas também um indiscutível empenho e criatividade na sua preparação. Da festa fazem parte várias cerimónias: o Cortejo das Coroas, o Cortejo dos Rapazes, o Cortejo do Mordomo (também apelidado de Chegada dos Bois do Espírito Santo), a abertura das Ruas Populares Ornamentadas, os Cortejos Parciais, os jogos populares, o Cortejo dos Tabuleiros e o Bodo (ou Pêza).A Festa dos Tabuleiros inicia com o Cortejo das Coroas que é composto por sete saídas, representando os dias que Deus levou para criar a vida na Terra e o dia do Seu descanso. Cada saída tem um dia marcado e todas elas vão sendo feitas até ao cortejo dos tabuleiros em julho. O Cortejo dos Rapazes consiste numa réplica do dos tabuleiros, mas feito por crianças vestidas a rigor.O Cortejo do Mordomo reside num desfile de bois, enfeitados com voltas de flores, pelas ruas da cidade, acompanhado de música e foguetes, e de charretes transportando os mordomos e cavaleiros. Realiza-se também num dia assinalado pela comissão de festas.As Ruas Populares Ornamentadas localizam-se essencialmente na zona histórica de Tomar e são fechadas ao público durante os meses de preparação até ao dia marcado para a respetiva abertura. A população encarrega-se de fazer as flores de papel que servem para a decoração. A comissão de organização das festas premeia o trabalho efetuado oferecendo placas às ruas concorrentes.No dia dos Cortejos Parciais, desfilam separadamente os tabuleiros representantes das freguesias do concelho, ficando depois em exposição até ao cortejo final.Também em dia previamente marcado realizam-se diversos jogos populares, entre eles, o corte de troncos e a gincana de burros.O Cortejo dos Tabuleiros é a cerimónia mais importante e representativa de todas as freguesias do concelho. Consiste no desfile de diversos tabuleiros ornamentados, em forma de torre, construídos à base de camadas de pão e decorados com ramos de espigas de trigo, malmequeres, papoilas e verduras. No topo, o ornamento termina em forma de coroa, onde repousa uma pomba branca, símbolo do Espírito Santo. Estes tabuleiros são transportados à cabeça por duas filas de raparigas que marcham pela cidade. Elas vestem vestidos brancos e faixas vermelhas e, segundo a tradição, os tabuleiros têm de ter a altura de quem os transporta e de pesar uma arroba, ou seja, cerca de 15kg. Ao lado das raparigas desfilam os seus ajudantes, homens vestidos de calças pretas, camisa branca, gravata encarnada e barrete preto de campino. À frente do cortejo, um fogueteiro abre passagem pelas ruas repletas de gente, seguido dos gaiteiros e dos tambores, atrás dos quais seguem homens com o pendor do Espírito Santo e as coroas das freguesias do concelho.Por fim, o Bodo, ou Pêza, a refeição sagrada instituída pela Rainha Santa Isabel, consiste na partilha de alimentos pão, carne e vinho pelos mais necessitados. Ocorre no dia seguinte ao desfile dos tabuleiros e marca o fim desta festa.
Aos 58 anos de actividade, Félix Iglésias, um fotógrafo de Viana do Castelo, é o autor do cartaz da Romaria d’Agonia deste ano.
Félix Iglésias tem 66 anos e desde os oito que “ganha dinheiro” com a fotografia, tendo sido autor, a convite da Comissão de Festas, de dois cartazes, o últimos dos quais da Romaria de 1999.Para a edição de 2011, este fotógrafo de Viana do Castelo escolheu a avenida principal da cidade como pano de fundo, uma estreia em cartazes da festa, e uma jovem mordoma como o rosto da festa.Marisa Cunha, de 17 anos, estudante do 12.º ano e natural da Ribeira, espaço principal da festa, dá rosto ao cartaz e garante que “desde sempre” vive aquela festa.“É um motivo de orgulho ser a mordoma do cartaz e sei que muitas pessoas gostariam de estar no meu lugar”, confessou a jovem, habitual participante nos desfiles da Romaria mas que se estreia agora nas principais funções da festa. A festa deste ano decorre entre 19 e 21 de agosto e terá no facto de Viana do Castelo ser a Cidade do Vinho 2011 o tema principal, cabendo o título de presidente da Comissão de Honra à ministra da Cultura cessante, Gabriela Canavilhas.
Pela liturgia, a igreja celebra todos os anos na quinta-feira depois da Oitava do Pentecostes uma festa em honra do mistério da eucaristia. Denominada Corpus Christi, a festa viria a ser universalmente aceite, pensando-se que, em Portugal, teve lugar no reinado de D. Afonso III, ainda sem procissão. Esta viria a incorporar-se no tempo de D. João I, já com a presença de um cavaleiro personificando o Padroeiro do Reino - S. Jorge. A procissão, que se mantém até aos dias de hoje, representava um acontecimento em todo o território nacional, sendo uma solenidade muito respeitada e participada, onde as figuras mais representativas estavam presentes. Na capital do pais, cabia ao Rei e aos Príncipes segurar as varas do Pálio debaixo do qual o Patriarca conduzia a custódia.Monção acompanhou a celebração do Corpo de Deus ao longo dos séculos, mantendo todo o esplendor religioso próprio de uma grande festa. Na procissão, tomam parte todas as Cruzes e Pendões das paróquias que formam o arciprestado de Monção, com as respectivas irmandades a distinguirem-se pelo colorido das opas. Dado o apego à terra da população local, o nosso concelho não dispensa também a presença do chamado Boi Bento, animal enfeitado e bem tratado, que vai na procissão, homenageando o grande 'companheiro' das lides da lavoura que, durante séculos, ocupou grande parte da população da região minhota.Após o percurso pelos lugares do costume, a procissão recolhe à Igreja Matriz e o povo desloca-se em massa para o anfiteatro do Souto, onde terá lugar o torneio entre as forças do bem e do mal (da virtude e do pecado). O povo dispõe-se em redondel enquanto o cavaleiro S. Jorge, representando o bem, e a horrenda figura de um dragão conhecido por Coca, representando o mal, tomam posições. O dragão, construído em tela sobre armação de madeira e com rodas disfarçadas sob as patas pintadas como garras de unhas aguçadas, é exteriormente empurrado por 4 a 6 valentes, também estes com um ou outro aperto ao longo do torneio, a provocarem a risota no público. O bicho está pintado de verde e tem a cabeça móvel com goelas abertas e gulosas, sendo a mobilidade conseguida por outro valente que é transportado no interior do monstro. As cores berrantes e o tamanho provocam no cavalo que S. Jorge cavalga certos temores que impedem ou dificultam a aproximação suficiente para o guerreiro desferir os golpes castigadores do mal. Entretanto, o público toma partido: pela Coca que este ano está a ser bem empurrada ou pelo Padroeiro do Reino que, fruto da experiência, consegue domar o cavalo perante os avanços do monstro. Com o decorrer dos minutos, o “combate” provoca a boa disposição na assistência que premeia com palmas as boas provas de um e de outro num claro sinal de independência.O torneio demora o tempo que leve ao cansaço dos participantes activos ou vença a habilidade de S. Jorge concretizado na certeza dos golpes desferidos na "pobre" Coca que todos os anos, por uma ou outra razão, tem de ser restaurada pois lhe faltará a língua ou as orelhas. Conta a história que, caso vença S. Jorge, haverá um bom ano agrícola. Se a vitória sorrir à Coca, aproximam-se tempos de fome e miséria. E sendo um torneio entre um dragão (mais ou menos estilizado ao gosto do artesão) e um cavaleiro, porquê o nome de Festa da Coca? Em etnografia há situações que, hoje, por falta de apontamentos da época, são apenas explicáveis por intuição ou por analogia. É o que poderá acontecer com o termo Coca. Pode tal festa ser identificada com o nome de Coca por ser entre o bem e o mal e, no Minho, é vulgar ouvir-se a palavra Coca como sinónimo de raiva ou ódio. Festa da Coca seria assim a festa da raiva à maldade. Coca é ainda uma máscara que se faz com a casca de uma abóbora (no Minho designada por coco), abrindo-se nela à imitação dos olhos e da boca. Por analogia da mascarada, em que uma figura local com vestes a propósito e a cavalo assume a figura de S. Jorge, pode ser que o povo à falta de melhor rótulo passasse a denominar o torneio como Festa da Coca.O que se sabe e se verifica todos os anos é que os forasteiros e a população local ruma à sede do concelho em grande número na aludida quinta-feira do Corpo de Deus e se incorpora com recolhimento na parte religiosa para, no final, vibrar com o paganismo do torneio, fazendo promessas de voltar no ano seguinte. Como episódio curioso, mas verídico, num ano em que a presença de espanhóis foi notória, uma "nuestra hermana" que veio a Monção para viver a solenidade, ficou de tal modo embasbacada frente à Coca que não atendeu ao repique dos sinos, chamando os crentes à missa, que antecede a saída da procissão. Quando de tal se apercebeu, exclamou pesarosa, mas convicta: "por causa de santa Coca perdi o demo da missa".
À entrada da vila de Monchique existe uma imagem de Santo António com um manto azul bordado a ouro que lhe foi oferecido por uma jovem em agradecimento por o santo lhe ter arranjado casamento. Mas a verdade é que este casamento não foi tão feliz como a jovem esperava. O marido tratava-a mal apesar da gravidez anunciada da mulher. Nasceu uma filha que cresceu entre discussões azedas até que aos oito anos a menina decidiu apelar para a bondade de Santo António pôr termo a tamanho martírio. Ajoelhou-se junto à sua imagem e prometendo-lhe que nunca lhe faltariam flores, a menina sentiu após algumas horas que alguém lhe batia no ombro. Um homem estranho e atraente perguntou-lhe porque estava ali e pediu-lhe algo para comer e um sítio para descansar. A menina levou-o para sua casa e enquanto que a mãe acolheu o visitante o pai resmungou pelo atrevimento da filha. O visitante dirigiu-lhe frases apaziguadoras, alertando-o para o fato de que estava a desperdiçar uma felicidade que estava perfeitamente ao seu alcance: a de viver em harmonia com a sua mulher e a sua filha. Como que encantado pelas palavras do visitante, o homem ajudou pela primeira vez a sua mulher a preparar a refeição e sentiu que iniciava nesse instante uma vida nova. Quando voltaram à sala, o estranho homem tinha desaparecido e no seu lugar estava uma pequena imagem de Santo António, semelhante à que se encontrava no nicho da vila. A notícia do milagre correu a aldeia e a partir daquele dia aquela casa encheu-se de felicidade e ao santo nunca mais faltaram as flores.
Danças e Brincadeiras de antigamente - Organização: Rancho Folclórico de São Bartolomeu de Messines Dia 15 de Maio de 2011 ás 16 horas no anfiteatro da Junta de Freguesia de S.B. de Messines. Participação: Rancho Folclórico Infantil da Boa vista de Portalegre Rancho Folclórico Infantil de Faro Escola de Folclore do Rancho Folclórico de São Bartolomeu de Messines
É a primeira grande romaria do Norte, um misto de animação, luz, cor e alegria. É a Festa de Barcelos e do seu concelho, dos Barcelenses e forasteiros.É inegável que as Festas das Cruzes são, entre as festas populares minhotas, as mais famosas e mais conhecidas, sendo por isso uma das romarias mais concorridas e típicas do Minho e um dos mais importantes acontecimentos da Vida de Barcelos. A Sua origem remonta ao início do século XVI, onde no ano de 1504, sob o reinado de D. Manuel I, numa sexta-feira, dia 20 de Dezembro, por volta das 9 horas da manhã, quando o sapateiro João Pires regressava da missa da Ermida do Salvador, ao passar no campo da Feira, observou na terra, uma cruz de cor preta. Como não quis guardar só para si aquilo que considerou ser um sinal sagrado, alertou o povo que depressa veio ao local. “A cruz apareceu sob a forma de uma nódoa negra que ia crescendo até se formar uma cruz perfeita em que a cor não ficava só à superfície mas penetrava em profundidade na terra – por mais que se cave, sempre se acha.” Este facto que recorda a “Cruz do Senhor Jesus”, fez nascer a devoção ao “Senhor da Cruz”. Primeiramente, surgiu um cruzeiro em pedra, logo em seguida uma ermida, para dois séculos mais tarde ser construído um magnífico templo, que hoje é o epicentro da Festa das Cruzes. Até ao século XIX, as festas tinham essencialmente um cariz religioso; aí acorriam centenas de romeiros, não só da região de Barcelos, mas de todo o país e da vizinha Galiza. No Século XX, à essência religiosa foram-se adicionando elementos de características profanas, bem visíveis no aspecto lúdico: carrocéis, barracas de diversão, corridas de Cavalos, espectáculos de circo, fogo de artifício, cortejos etnográficos, torneios e concursos, entre muitos outros acontecimentos de natureza Popular.
No dia consagrado ao Bom Jesus da Cruz (3 de Maio, feriado municipal), o realce vai para a procissão,com 89 cruzes paroquiais a representar as 89 freguesias do concelho de Barcelos percorrendo todo o centro histórico .
Outra tradição desta festa, é a batalha das flores , onde figurantes do alto de carros alegóricos atiram petálas de flores nas pessoas.
Vinham a pé, descalços, em romaria, cantando e dançando, com a “condessa” à cabeça onde transportavam o farnel. Esta era a ocasião, quase única do ano, em que as pessoas das freguesias rurais se deslocavam à cidade e aproveitavam a Festa das Cruzes como pretexto de encontro para os mais velhos que utilizavam a Feira para fazer negócios. Cumpriam também promessas e divertiam-se. Para os mais novos, estes dias serviam para arranjar “namoricos”, “folgar” e marcar novos encontros que muitas vezes davam em namoros e casamentos. Tal como no passado, as Festas das Cruzes mantêm grande importância a nível económico, cultural e social, e por isso continua a despertar o interesse e a curiosidade de muitos visitantes, especialmente de espanhóis. É a importância histórica de Barcelos, a sua herança cultural, o desenvolvimento económico, a proximidade física e/ou afectiva com outras gentes e locais, que fazem com que A FESTA DAS CRUZES continue a ser um momento de identidade e diferenciação do concelho de Barcelos.
Entre muitas tradições da semana Santa em Portugal, destaca-se a procissão do enterro do Senhor , uma importante manifestação de fé e religiosidade popular.
A Procissão do Enterro do Senhor estabeleceu-se em Portugal, pela devoção dos fiéis, nos fins do século XV e princípios do século XVI, mais concretamente entre 1500 e 1510, introduzida pelo Padre Paulo de Portalegre, aquando da sua peregrinação a Jerusalém. Começou a fazer-se no mosteiro beneditino de Vilar dos Frades, Arcebispado de Braga, de onde se estendeu a todas as Catedrais e paróquias de Portugal.Esta procissão começou a ser feita com o Santíssimo Sacramento, da seguinte forma: uma das hóstias consagradas na Missa solene de Quinta-feira Santa, tendo sido exposta à adoração dos fiéis na tarde e noite desse dia e manha da Sexta-feira, era colocada num corporal ou numa patena e encerrada numa urna própria. Sob um palio, era depois conduzida processionalmente para o túmulo, onde se conservava até à aurora do Domingo de Páscoa. Dai era levada em triunfo cantando-se as alegrias pascais. Esteve esta procissão muito difundida em Portugal e foi seguida durante muitos anos no Rito Romano.Por volta de 1606, viria a ser proibida de sair para o exterior das igrejas, o que deu origem a dois modos de a realizar: a procissão pelas ruas, onde o Santíssimo Sacramento foi substituído pela imagem do Senhor Morto, e a procissão no interior das igrejas, que continuou a ser realizada com o Santíssimo. Em algumas paróquias continuou a realizar-se as duas, como ainda hoje acontece em Braga: após a celebração da adoração da Cruz realiza-se no interior da Sé a procissão com o Santíssimo, conhecida por “Procissão Theóforica”(que transporta Deus), e, à noite, pelas ruas, realiza-se a procissão com a imagem do Senhor Morto.Sabe-se que também em Faro e Albufeira, ainda nos anos de 1950 eram realizadas as duas, a primeira organizada pela irmandade do Santíssimo e a segunda pela Irmandade da Misericórdia.
O Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova foi criado por Paixão Fernandes, Zina Gonçalves Fernandes e Manuel Ferreira Pio, é Instituiçao de Útilidade Pública desde 29 de Setembro de 1994 e com o Estatuto de Superior Interesse Cultural concedido a 9 de Dezembro do mesmo ano. Remodelação total dos Estatutos, no dia 8 de Julho de 2005, o Grupo Folclórico, Cultural e Recreativo Boa Nova, passou a dominar-se oficialmente Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova, nome já citado desde o dia 7 de Julho de 1992 (aquando do 1º colóquio do grupo);
Filiado no CCD.INATEL a 22 de Junho de 2006.
Santa Maria Maior/Funchal
Santa Maria, onde se localiza a Zona Velha do Funchal, desde cedo assumiu um papel preponderante no desenvolvimento da vila e posterior cidade do Funchal.
A riqueza patrimonial desta zona fascina-nos pelas suas ruelas e calçadas, pelas suas igrejas e fachadas e ainda por interessantes pormenores arquitectónicos que nos transportam a épocas ancestrais, marcos da cidade do Funchal que se orgulha de ter sido a primeira erguida fora do continente europeu.
Principais canções e danças tradicionais
Polca
Bailinho
Mourisca do Caniçal
Canção de embalar
Cantar dos reis.
A filha do barqueiro
Calcinha
Canção da malha do trigo
Mourisca de S. Gonçalo
Ciranda
Dança da Repisa
Charamba
Fado
Mourisca de Santana
Trajes
(...)
Representações Nacionais:
Expo/98, Lisboa, Guarda, Portalegre, Viana do Castelo, Guimarães, Viseu, Açores
Representações internacionais:
Europália/91 na Bélgica
Expo/92 em Sevilha;
e na Expo/2000 em Hannover
Promoções turísticas: em 1975, na Finlândia, Suécia e Noruega; em 1976, na Bélgica; em 1978 novamente na Bélgica, Holanda e Luxemburgo; em 1982, na Holanda; em 1997, na Feira Internacional de Turismo em Stuttgart,
Alemanha; em 2000, na Áustria, etc…
Letónia,Venezuela, Curaçau, Miami, Tenerife, França, Áustria, E.U.A., Canadá...
Outras actividades
Semana Europeia de Folclore
Encontro de “Danças das Espadas e Mouriscas”
Museu de Arte Popular
Publicações/Edições
1994 – Livro Os Trajos de Resguardo e de Cote no Sul da Ilha no século XVIII;
1999 – Livro O Folclore em Eventos Sociais entre 1850 e 1948 – factos e evidências;
2002 – Livro Danças e Bailados no Folclore Madeirense – Origens e Mitos, Vol.I;
2003 – 2ª Edição do livro Danças e Bailados no Folclore Madeirense – Origens e Mitos, Vol. I.
O grupo já fez cinco gravações, a primeira das quais em 1966 na Philips (em Lisboa), tendo sido o primeiro LP Stereo gravado em Portugal. O segundo em 1969 na Venezuela, aquando da deslocação do Grupo Infantil. O terceiro em 1976. O quarto em 1995 (em cassete e CD), denominado “ Memórias de um Povo” e finalmente o quinto em 1997 (editado em CD), intitulado “Fado“ (todos gravados na cidade do Funchal).
Em 2004, Vídeo, inserido na colecção de vídeos “ Folclore Português”, editada pela companhia Filma e Vê, em representação da Ilha da Madeira. A mesma foi lançada no mercado em DVD, em 2006.
1996, uma colecção de oito postais alusiva aos trajos regionais.
O Grupo Etnográfico da Casa do Pessoal dos Hospitais de Universidade de Coimbra, surge em Abril de 2003, por iniciativa da Casa do Pessoal dos HUC, no sentido de envolver os sócios em actividades culturais, nomeadamente a área da Etnografia e do Folclore. Tendo em conta algumas condicionantes a Casa do Pessoal decidiu fundar o grupo etnográfico, elegendo uma direcção para dirigir os seus destinos. O Grupo desde essa altura, tem desenvolvido um trabalho de investigação, recolha e pesquisa das tradições populares desde a região de Penacova passando por Coimbra até Montemor-o-Velho, área de abrangência dos HUC, particularmente no que respeita às danças, Cantares, músicas e trajos.Actualmente o Grupo Etnográfico é composto por cerca de 50 elementos sendo na sua maioria funcionários da Instituição e sócios da casa do pessoal.Representa Trajes dos Finais do Séc. XIX, na área do trabalho, temosa os trabalhadores agrícolas, barqueiro, lavadeira e moleirosa, ligados ao Rio Mondego, ainda, as vendedeiras ambulantes de água, de frutas e legumes, broa, melões, arrufadas de Coimbra, e a farrapeira, dos camponeses dos campos do mondego, aos futricas, romaria e feira. O Grupo Etnográfico, tem participado em Festas e Romarias, assim como em Festivais Nacionais e Internacionais de Folclore de norte a sul de Portugal, ainda na Holanda, Espanha e Luxemburgo. Em Abril de 2009 editou um CD denominado de "Sinais Autóctunes" que está à disposição de quem o quiser adquirir atravês dos mails: casapessoal@huc.mini-saude.pt ou grupo.etnografico.huc@gmail.com ou ainda pelos telefones:239 853 165 ou 927806097 por 10,00€ directamente na Casa do Pessoal dos HUC ou contra reembolso atráves dos CTT.
Usava chinelos ou tamancos (conforme íam vender para as zonas mais urbanas e praias da região, ou para as feiras, mercados e pelas portas). Saia de estopa e avental de algodão, blusa de meio linho e lenço de lã ou algodão na cabeça. Tudo de côr branca. Cinta de pano de linho branco ou de lã preto, conforme as circunstâncias, algibeira em tecido grosseiro para guardar o dinheiro e objectos pessoais. À cabeça transportava o assafate cheio de fogaças, cobertas por uma toalha em linho com franjas.
Este trajo foi uma réplica do trajo usado pela última vendedeira de fogaça na Vila da Feira, que o guardava religiosamente até à sua morte, que ocorreu há uma década.
Créditos:Associação Grupo de Danças e Cantares Regionais da Feira
O Grupo Folclórico de Tregosa foi fundado em 1984, está filiado no INATEL de Braga e é membro da Federação de folclore português. O seu principal objectivo é pesquisar e salvaguardar os usos e costumes da sua terra Tregosa, O seu nome Tregosa vem de uma raízes ou plantas conhecidas por Torgas e que abundavam nesse local. O primeiro registo aparece como um povoado anterior ao século XII, mas só é registada como paróquia por volta do Ano de 1220, com o nome de Santa Maria de Tregosa. Sendo uma pitoresca aldeia a norte do concelho de Barcelos, pertence à região etnográfica do Baixo – Minho, situada entre duas cidades ricas de tradições de folclore, Barcelos e Viana do Castelo. Tregosa pertence a uma região com características bem peculiares, o vale do Neiva, como se pode constatar nos trajes
cantares e danças deste grupo de folclore. Os trajes, património do grupo, fruto de uma recolha feita no vale do Neiva, são na sua maioria reproduções criadas a partir de trajes antigos, testemunhos e fotografias. São trajes humildes e de cores sóbrias, representam trajes denominados de “trabalho”, de “feira e romaria” e de “luxo”. As músicas tal como os trajes surgem de uma recolha junto de pessoas idosas e/ou ligadas às tradições relacionadas com as danças e cantares usuais na freguesia, estas referem-se igualmente a actividades do meio rural. Na sua tocata, o grupo integra instrumentos típicos da região, nomeadamente, as concertinas, os cavaquinhos, as violas, o bombo e os ferrinhos. Actualmente é constituído por cerca de 60 elementos e desenvolve uma actividade dinâmica pesquisando e ensinando os mais novos. Tem participado em vários festivais nacionais e internacionais, manifestações culturais e programas radiofónicos. Tenta recuperar e divulgar eventos passados, como por exemplo no “Autos de São João, os arredas e a contradança; Jogos tradicionais, o cantar dos reis, as feiras tradicionais, a matança do porco, o encher das chouriças … Nos finais do mês de Julho promove anualmente o seu festival de folclore denominado “Águas do Neiva” que conta com a participação de diversos grupos de várias regiões do país e estrangeiro. Este festival tem como particularidade o facto do palco estar colocado sob as límpidas águas do rio Neiva. Danças Tradicionais: O Vira da Lealdade, A Margarida Moleira, A Aninhas, O Passeio, O Peneiras, A Viuvinha, O Vira de Aréfe, O Velho de Tregosa, A Rosinha, Vira de Tregosa, Vira do Minho, As Saias Brancas (cantada) e O São João de Tregosa (cantada).
Grupo Típico “O Cancioneiro de Águeda” O Grupo Típico “O Cancioneiro de Águeda” é um dos mais antigos e prestigiados grupos folclóricos de Portugal. Foi fundado em 1958, por um conjunto de aguedenses que conscientes da enorme riqueza do folclore do concelho, fez um trabalho de recolha e pesquisa de uma parte importante do património desta região. Representa em termos de etnografia, desde as serranias das encostas do Caramulo, ao espraiar do espelho de água da Pateira de Fermentelos, da região do rio Vouga, ao encanto e pitoresco da Bairrada. Assim, nas suas danças, podemos encontrar uma diversidade, mercê da actividade laboral de toda esta região, passando naturalmente pelas de Salão que outrora foram vistas dançar nas grandes casas senhoriais que existiam no concelho. A nível de trajes e consoante o momento, a tarefa a desempenhar, aparece uma riqueza inaudita, não apenas nos tecidos de alguns deles, mas sobretudo na sua inúmera variedade e complementaridade. Desde 1959, o Grupo Típico, transformou-se num arauto da cultura popular aguedense, levando-a, através das suas múltiplas actuações a todo o país, às regiões autónomas dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, a alguns países da Europa, nomeadamente Espanha, França e Luxemburgo, Holanda e ainda ao Brasil e aos Estados Unidos da América. Refira-se que já participou em diversos programas televisivos, incluindo a gravação para a RTP internacional. É sócio fundador da Federação do Folclore Português e é filiado no INATEL. Desde 1992 é reconhecido como Pessoa Colectiva de Utilidade Pública, recebeu a Medalha de Honra Municipal e foi distinguido com o Judeu de Ouro 2000 pela ANATA. Teve o seu momento alto, quando em 2004 foi escolhido para representar Portugal na Hungria, na III.ª Folcloríada Mundial, certame que engloba os melhores e mais representativos Grupos. Além das danças e cantares, dos quais se destaca a Cana Verde Dobrada, O Vira de Macieira, a Real Caninha e o Malhão, são dignos de realce os seus trajes, réplicas fiéis dos autênticos que se encontram guardados para serem expostos no futuro museu.
Diz a lenda que, no tempo das guerras da Restauração, Miranda do Doutro esteve dias e dias cercada pelas tropas espanholas, ao ponto de, sem mantimentos nem munições para resistir, nada mais restar do que render-se definitivamente ao domínio invasor. E eis senão quando um menino de chapéu de palha, desconhecido, irrompeu pelas ruas gritando contra os espanhóis e apelando à revolta dos populares. Tal foi o bastante para que o povo ganhasse o alento que lhe faltava. Num ápice todos saíram à rua - uns com enxadas, ancinhos e forquilhas, outros com paus, cutelos e machados - unindo-se às tropas fragilizadas da restauração. E assim conseguiram afugentar e vencer os invasores. No final, o povo procurou o tal menino, travesso, refilão, o do chapeuzinho de palha. Queria louvá-lo. Vitoriá-lo. Mas quê? Onde estava? Quem era ele? Ninguém sabia. Tinha, pura e simplesmente, desaparecido. O povo acreditou então que havia sido o Menino Jesus que ali caíra, por milagre, para salvar a cidade. E logo mandou esculpir a imagem que passou a ser venerada na catedral. Entretanto, uma jovem que, na mesma batalha, havia perdido o noivo, um oficial das tropas portuguesas, resolveu oferecer o traje militar ao menino. E daí nasceu a tradição da dádiva de roupas. Muitos anos depois, porque alguém achou que o chapéu de palha não condizia com a nobreza do traje, e tão-pouco com o "estatuto" de um comandante, colocaram-lhe então a cartolinha. E que bem que lhe fica! A festa do Menino Jesus da Cartolinha celebra-se no dia de Reis, Domingo antes ou depois do dia 6 de Janeiro. Como é padroeiro das crianças o andor é transportado aos ombros por quatro meninos que se revezam ao longo da procissão.
Em certas regiões (e países) existe um costume em que grupos de crianças cantam cânticos e canções de Natal de porta em porta, na esperança de que as pessoas ofereçam doces, chocolates, dinheiro, etc. Esses cânticos de Natal de rua têm nomes diferentes e ocorrem em dias diferentes conforme os países:
- Na Grécia, no dia 24 de Dezembro, cantam-se as Kalandas.
- No Reino Unidos e nos Estados Unidos, no dia 26 de Dezembro cantam-se os Christmas Carols. Em Portugal cantam-se as Janeiras, a 6 de Janeiro, no Dia de Reis e, no mesmo dia, cantam-se em Espanha os Villancicos, geralmente acompanhados por pandeiretas e castanholas.
• As Janeiras são uma tradição antiquíssima Formam-se grupos pequenos ou com dezenas de elementos que cantam e animam as localidades, indo de casa em casa ou colocando-se num local central (esta é uma versão mais recente), desejando de uma forma tradicional um bom ano a todos os presentes. Nos grupos de janeireiros, toca-se pandeireta, ferrinhos, tambor, acordeão e viola, por exemplo. Em muitas aldeias esta tradição mantém-se viva, especialmente no Norte de Portugal e nas Beiras: "Nesta altura juntam-se os amigos que vão cantar as janeiras a casa dos vizinhos. Antigamente recebiam filhoses, vinho e outros artigos que as pessoas possuíam" conta António Manuel Pereira, presidente da Federação de Ranchos Folclóricos da Beira Baixa. No entanto, cantar as Janeiras ainda se faz um pouco por todo o País. As pessoas visitadas eram (são) normalmente muito receptivas aos cantores e aos votos que vêm trazer, dando-lhes algo e desejando a todos um bom ano. Mas há sempre alguém mais carrancudo que não recebe bem os janeireiros, então, segundo uma recolha dos alunos da EB1 de Monte Carvalho, em Portalegre, às pessoas que abrem "bem" a porta canta-se assim: Esta casa é tão alta É forrada de papelão Aos senhores que cá moram Deus lhe dê a salvação. E aos que não abrem a porta canta-se uma canção a dizer que os janeireiros estão zangados, porque as pessoas não lhe abrem a porta. É assim: Esta casa é tão alta É forrada de madeira Aos senhores que cá moram Deus lhe dê uma caganeira. Estes alunos referem-nos também que no fim os janeireiros fazem um petisco: bebem vinho e comem os chouriços assados.
Exemplos de Janeiras :
• Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da EB1 de Catraia Cimeira (Castelo Branco) Boas noites, meus senhores, Boas noites vimos dar, Vimos pedir as Janeiras, Se no-las quiserem dar. Ano Novo, Ano Novo Ano Novo, melhor ano, Vimos cantar as Janeiras, Como é de lei cada ano. Vinde-nos dar as Janeiras, Se no-las houverdes de dar, Somos romeiros de longe, Não podemos cá voltar.
• Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da Escola EB1 e Jardim de Infância de Ínfias (Fornos de Algodres) Aqui vimos, aqui vimos Aqui vimos bem sabeis Vimos dar as boas festas E também cantar os Reis. Nós somos as criancinhas Que pedimos a cantar Pedimos as Janeirinhas E bênção p'ra este lar. Levante-se daí senhora Desse banco de cortiça Venha nos dar as Janeiras Ou morcela ou chouriça. Levante-se daí senhora Desse banquinho de prata Venha nos dar as Janeiras Que está um frio que mata. As Janeiras são cantadas Do Natal até aos Reis Olhai lá por vossa casa Se há coisa que nos deis. Boas festas, boas festas Está a alba a arruçar Venha-nos dar as Janeiras Que temos muito para andar. Obrigado minha senhora Pela sua Janeirinha P' ro ano cá estaremos Nós e mais as criancinhas. Quem diremos nós que viva Na folhinha da giesta Já lhe cantámos as Janeiras Acabou a nossa festa. Exemplos de Janeiras 2
• Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da EB1 de Moitas Boas festas, boas festas Nós aqui as vimos dar Às senhoras desta casa Se as quiserem aceitar. Somos os jovens da Moita É Natal e agora Reis Vimos pedir as Janeiras E as esmolas sim, vós dareis. O dia está alegre Não vamos ficar cá fora Venham-nos dar as Janeiras Depressa e sem demora. Ó minha rica senhora Não tenha vergonha não Ponha a mão na salgadeira Puxe lá um chourição. Ficámos agradecidos Pela oferta recebida Que tenham muita saúde E muitos anos de vida.
• Escritores famosos também recolheram quadras de Janeiras, foi o caso de Vitorino Nemésio (1901 - 1978) Ó de casa, alta nobreza, Mandai-nos abrir a porta, Ponde a toalha na mesa Com caldo quente da horta! Teni, ferrinhos de prata, Ao toque desta sanfona! Trazemos ovos de prata Fresquinhos, prá vossa dona. Senhora dona de casa, À ilharga do seu Joaquim, Vermelha como uma brasa E alva como um jasmim! Vimos honrar a Jesus Numas palhinhas deitado: O candeio está sem luz Numa arribana de gado. Mas uma estrela dianteira Arde no céu, que regala! A palha ficou trigueira, Os pastorinhos sem fala. Dá-lhe calorzinho a vaca, O carvoeiro uma murra, A velha o que traz na saca, Seus olho mansos a burra. Já as janeiras vieram, Os Reis estão a chegar, Os anos amadurecem: Estamos para durar! Já lá vem Dom Melchior Sentado no seu camelo Cantar as loas de cor Ao cair do caramelo. O incenso, mirra e oiro, Que cheirais e luzis tanto, Não valeis aquele tesoiro Do nosso Menino santo! Abride a porta ao peregrino, Que vem de num longe, à neve, De ver nascer o Menino Nas palhinhas do preseve. Acabou-se esta cantiga, Vamos agora à chacota: Já enchemos a barriga, Sigamos nossa derrota! Rico vinho, santa broa Calça o fraco, veste os nus! Voltaremos a Lisboa Pró ano, querendo Jesus Exemplos de Janeiras 3
• Exemplos de quadras das Janeiras recolhidas por alunos da EB23 Marquesa de Alorna, Lisboa Esta noite é de Janeiras Esta noite é de Janeiras É de grande merecimento Por ser a noite primeira Em que Deus passou tormentos. A silva que nasce à porta Vai beber à cantareira Levante-se daí, senhora Venha-nos dar a Janeira. Levante-se daí, senhora Do seu tão caro banquinho Venha-nos dar a Janeira Em louvor do Deus Menino. Vinde-nos dar a Janeira Se no-la houver de dar Nós somos de muito longe Não podemos cá voltar. Vamos cantar as janeiras Vamos cantar as janeiras Por esses quintais adentro vamos Às raparigas solteiras Vamos cantar orvalhadas Vamos cantar orvalhadas Por esses quintais adentro vamos Às raparigas casadas Vira o vento e muda a sorte Vira o vento e muda a sorte Por aqueles olivais perdidos Foi-se embora o vento norte Muita neve cai na serra Muita neve cai na serra Só se lembra dos caminhos velhos Quem tem saudades da terra Quem tem a candeia acesa Quem tem a candeia acesa Rabanadas pão e vinho novo Matava a fome à pobreza Já nos cansa esta lonjura Já nos cansa esta lonjura Só se lembra dos caminhos velhos Quem anda à noite à ventura Letra e Música de Zeca Afonso