sexta-feira, 25 de junho de 2010

GRUPO FOLCLÓRICO E CULTURAL DANÇAS E CANTARES DE CARREÇO - VIANA DO CASTELO

O Grupo Folclórico e Cultural Danças e Cantares de Carreço é uma associação cultural fundada em 6 de Agosto de 1974, com o objectivo de promover a investigação, a defesa e divulgação dos valores históricos, artísticos e antropológico-culturais da região de Viana do Castelo, dando especial destaque à freguesia de Carreço.Carreço, “com os pés no Oceano Atlântico e com a cabeça engrinaldada de verdura” é uma freguesia suburbana situada a norte de Viana do Castelo, e apresentando uma paisagem de quadros diversos, partindo de um litoral arenoso, espairando-se por uma veiga ubérrima, apenas interrompida pela colina de Montedor, para ocupar uma zona de encosta até se finar na montanha.Ao longo dos seus anos de existência, o G.F.C.D.C.C. tem apresentado e divulgado o seu folclore, dando a conhecer os seus usos e costumes tradicionais, através das suas danças, dos seus cantares e dos seus variados e coloridos trajes.Este quadro da vida rural, mantido vivo pelas diversas actividades anuais do grupo, deve-se ao riquíssimo legado cultural deixado pelos antepassados cuja principal fonte de sustentação assentava na agricultura. Fainas diárias, tais como ceifas, sachadas de milho, desfolhadas e malhadas constituíam motivo suficiente para o surgimento espontâneo de cantos e danças no campo, nas eiras ou em qualquer terreiro; e em consequência directa, os trajes surgem dos materiais que a agricultura fornecia: o linho, a lã e a estopa, instituindo assim o folclore em Carreço.Com o decorrer do tempo e com o auxílio precioso da investigação, esta associação aperfeiçoou-se em todos os domínios da sua actividade: o canto, a música, a dança e o modo de trajar. Houve evolução no seu modo de saber-fazer, saber-ser e saber-estar e isso abriu-lhe novos horizontes, permitindo-lhe atravessar fronteiras e oceanos, e percorrer o Mundo.Depois de já ter divulgado o seu folclore nos mais variados pontos do país, participando nas mais diversas actividades (festas, romarias, obras de beneficência e festivais de folclore), teve oportunidade de se deslocar, várias vezes à vizinha Espanha (Burela, Gijon, Oviedo, Saragoça, Pamplona, Múrcia e Astúrias, entre outras). O grupo foi convidado, em 1995, a participar em diversas manifestações folclóricas no Estado da Califórnia, nos Estados Unidos da América, e mais tarde, em 1998, nas cidades brasileiras de S.Paulo, Rio de Janeiro, Teresópolis e Jacarepaguá. Participou no tratado de geminação existente entre a cidade de Viana do Castelo e Hendaye, em França, onde actuou em Abril de 1999; voltando a este país por mais três vezes. Da primeira vez, actuou nas cidades de Paris e Macôn, (2001), da segunda, em Nice (2004) e da terceira vez, na província da Bretanha, (2005). No ano de 1999, esta associação deslocou-se pela primeira vez a Itália, mais precisamente à Sicília, onde voltaria 6 anos mais tarde. Já em 2002, regressa a este país para actuar na Universidade de Pavia, e na cidade de Milão. Em 2001, vai à Região Autónoma da Madeira, mostrar o seu folclore. No ano de 2004, o grupo parte em digressão pela península da Escandinávia, participando nos 50 anos do NorskFolkmuseum Dansegruppe de Oslo, na Noruega, na feira artesanal de Gamla Linköping e em Böras, na Suécia. Em 2006, o GFCDCC vai à Hungria onde participa no Festival Internacional de Agria, em Eger e no Carnaval das Flores em Debrecen, ganhando neste festival o Prémio de Grupo Artístico. No ano de 2007, o G.F.C.D.C.C. está presente nos festivais de Nyíregyháza na Hungria, e de Subótica na Sérvia. 2008 é o ano da concretização de uma permuta iniciada em 2006 com o Grupo “Warmia”, da cidade de Olsztyn na Polónia.O grupo cresceu, evoluiu e venceu, mas se esta associação triunfou, foi a expensas de muito trabalho, de muita dedicação e de muita perseverança. Hoje, mais de 30 anos depois, pode-se dizer que o seu percurso foi longo e moroso, todavia dignificante se se considerar a ascensão cultural de que foi objecto, desde a sua fundação. Porque o seu currículo em deslocações é assaz alargado, é-o também em actividades promovidas por si. Festivais de folclore, Janeiras, Festas populares, Jogos Tradicionais, Feirões, e Arraiais Minhotos, são alguns dos empreendimentos culturais que realiza em prol da cultura e em prol da população carrecence.Este grupo é sócio da Federação de Folclore Português, da Associação de Grupos Folclóricos do Alto Minho, e está inscrito no INATEL.





*************************


quarta-feira, 23 de junho de 2010

TRADIÇÕES DO SÃO JOÃO NO PORTO


Em tempos idos, tal como hoje, os moradores dos bairros populares do Porto organizavam-se em comissões, para angariarem donativos, que revertiam para as despesas destinadas a enfeitar as ruas do seu bairro em homenagem ao Santo Precursor.

Festejou-se, entretanto, o São João da Corujeira, de Cedofeita, da Lapa (inicialmente o mais burguês), do Bonfim e do Palácio de Cristal (o eleito dos namorados) – supostamente, sendo em Cedofeita que o povo, primitivamente, se reunia para festejar o santo, com actos religiosos e pagãos (bailaricos, descantes, bombos e violas).

Já referenciados no século XIV, os festejos mudaram-se depois para a Lapa e o Bonfim, locais onde o São João, por volta de 1834, era festejado com a maior animação popular. Nas Fontainhas, por esses anos, começou por se fazer uma «cascata», que criou fama, dando origem a que se deslocassem ali diversos grupos – as rusgas – com roupas festivas, cantos e balões dependurados em ramos, numa afluência de gente ida de todos os cantos do Porto para se divertir e comemorar o santo.

Havia também o hábito de servir café quente, aguardente e aletria. Tanto bastou para que o povo (ainda por isso) acorresse às Fontainhas, aproveitando para lavar o rosto numa fonte existente no local.

Sempre antes de nascer o Sol no dia 24, a manter o ritual da água benta, propiciatória e purificadora.

Nos mercados do Anjo (hoje Praça de Lisboa) e do Bolhão era grande a procura das plantas e ervas sagradas e profilácticas (procura que se mantém), principalmente do indispensável «alho-porro» ou «alho de São João».

É com ele que se bate na cabeça de quem passa, a manter a tradição do desejo ritual de boa sorte e de fortuna. Desde os anos sessenta com o martelinho de plástico colorido a substituir a tradição da planta sagrada, que muitos, felizmente, teimam em levar à festa, no desejo de conservar a antiga praxe (atitude que o santo não deixará, por certo, de ter em conta). Actualmente (recuperado que foi o São João em 1924, após vários anos em que não se realizou), diz-se que “tudo começa e acaba na Ribeira”, estendendo-se às praias da Foz e à Boavista.

Todavia, parece ser no Bonfim que se concentra a maior parte do povo e se faz a grande festa são-joanina portuense, embora os pequenos arraiais dos bairros se espalhem por toda a cidade: Massarelos, Vilar, Miragaia, Entre-Quintas, São Pedro de Azevedo, Cantareira, Terreiro da Catedral, São Nicolau, Bairro da Sé, Cais da Estiva, entre outros.

Arraiais todos eles com ornamentações e iluminações festivas, tasquinhas de comes e bebes, fogueiras e bailaricos, num São João popular, folião, de convívio e alegria.

Por épocas mais antigas o São João no Porto contava já com iluminações e ornamentações nas ruas, música, descantes e danças, barracas de petiscos, diversões de todo o género, marchas dos bairros populares, colchas nas janelas, grandes ramos de carvalho encostados às casas ao longo das ruas, o chão coberto de juncos, espadanas, alecrim, rosmaninho e outras plantas aromáticas, que perfumavam a cidade, como acontece actualmente, ao juntarem-se às fogueiras.

O grande momento da noite é ainda o fogo-de-artifício, ou «fogo-de-São João», lançado da serra do Pilar (Cova da Onça), agora visto da Ribeira, lançado à meia-noite de 23 para 24 nas margens do rio Douro, junto da Ponte D. Luís.

Dos costumes antigos, nenhum se perdeu. Ganhou-se, isso sim, em 1911 o feriado municipal do Porto, instituído no dia de São João.
Os altares ao Santo Precursor, continuam também a armar-se dentro das igrejas, constituindo as imagens de São João Baptista, espalhadas em número considerável pelas igrejas do Porto (algumas de grande qualidade artística), assim como as preciosas pinturas onde ressalta a figura do santo, um património de valor inestimável.

As pequenas «cascatas» são-joaneiras, que povoam a cidade (com origem provável nos presépios), são erguidas num qualquer recanto, junto de uma parede, no passeio público ou nas soleiras das portas, geralmente pelas crianças. Embora surjam as «cascatas» mecânicas ou de grandes dimensões. Mas a mais importante, conhecida e tradicional é, sem dúvida, a da Alameda das Fontainhas, erguida, anualmente, há perto de setenta anos na fonte ali existente.

Outra alegoria a merecer a atenção dos Portuenses e de quem visita o Porto no São João, é a que se ergue ao cimo da Avenida dos Aliados, por deliberação da Câmara Municipal, frente aos Paços do Concelho.

Concebida sempre de forma diferente em cada ano, em 2008 a cascata da Câmara Municipal do Porto é constituida por uma espécie de labirinto que pode ser percorrido pelos visitantes.

As tradicionais «cascatas» – sinónimo de água, alusiva ao rio Jordão – com a figura do santo em lugar de destaque, incluem uma imensidade de enfeites e de figurinhas de barro, fabricadas outrora, como hoje, principalmente, em Avintes e Barcelos, pelos artistas oleiros dessas localidades.

Os manjares cerimoniais desta data continuam a ser o caldo-verde com broa e o carneiro ou anho assado. Se bem que a sardinha assada acompanhada com broa e salada de pimentos constitua o prato mais popular da noite da festa. Depois disso, manda a tradição que se beba o café com leite (a lembrar o antigo café servido nas Fontainhas) e saboreie o pão com manteiga – sem esquecer as «orvalhadas», que obrigam a que ninguém se deite antes de apanhar o orvalho bento «para ser feliz e ter saúde o resto do ano».

Devoção popular feita de alegria contagiante, a Festa de São João no Porto há quem a considere única no Mundo.

Fonte:“Festas e Tradições Portuguesas” Vol. V


----------------------------Alho Porro----------------------


-------------------------Cascata do São João---------------

-------------Fonte das Fontaínhas (final do sec.XIX).----------

sábado, 5 de junho de 2010

Trajes de Trabalho - Freguesia da Fajarda , Concelho de Coruche - Ribatejo.


Traje Feminino:

- Chapéu - Lenço - Blusa - Manguitos - Avental - Saia de chita - Saia de ganga - Uma ou duas saias de baixo - Canos

- Chapéu preto de feltro, com uma fita em volta do mesmo, feito com o resto do avental, blusa, ou saia, muitas vezes com o nome do namorado escrito a ponto cruz, enfeitado com terços, botões etc., se era solteira do lado esquerdo ao alto penas de pavão, caracóis de pato, etc.
- Lenço da cabeça de lã, cores claras atado abaixo e atrás.Blusa de popeline, gregorina, chita ou riscado, de cor garrida enfeitada a ponto de cruz.
- Avental de riscado, de cores vivas e variadas, com desenhos a ponto cruz.
- Saia de chita arregaçada junto ao avental.
- Uma ou duas saias, cor clara, enfeitadas com bicos, feitos em linha, trabalhados à mão e uma saia de ganga com barra vermelha, abotoadas com alfinetes, justas à perna, a fazer de ceroula.
- Manguitos nos braços e canos nas pernas, para se protegerem das folhas aguçadas do arroz, feitos de meias com o pé cortado.

Não se usava qualquer calçado, nem no trabalho, nem deste para casa, pelo que a mulher andava sempre descalça, exceptuando a ida á vila, ou em dias de festa.

Este trajo era só usado pela mulher da Fajarda, pelo que a mesma era reconhecida em qualquer lugar, nas aldeias mais próximas, como a Glória do Ribatejo ou Foros de Coruche, tinham trajar diferente.

A descrição apresentada refere-se à rapariga solteira.

A chita utilizada nas saias, fundo azul ás bolinhas brancas era norma em todo o Vale do Sorraia, talvez por isso conhecida por chita de Coruche. A diferença existia somente na saia a fazer de ceroula.
Os enfeites no chapéu, as cores variadas e vivas da blusa e avental, variavam consoante a idade da mulher, o seu estado de solteira ou casada, ou algum familiar próximo doente ou falecido.A mulher casada, não usava penas ao alto a enfeitar o chapéu, as cores da blusa iam escurecendo conforme a idade.O lenço da cabeça atado acima indicava que a mulher tinha algum familiar próximo no hospital, lenço preto atado a cima indicava falecimento de pessoa próxima.

Traje Masculino:

- Barrete ou chapéu - Camisa interior de cor escura - Camisa de riscado - Colete de cotim ou ganga - Cinta preta - Celoula de ganga - Calça de cotim ou ganga - Lenço - Tamancos - Saca
- O homem do campo usava barrete ou chapéu consoante a estação do ano, no inverno barrete, no verão chapéu, nem todos seguiam esta linha pois alguns só usavam uma peça todo o ano. - Uma camisa de algodão escura para não se notar o pó e o sujo, por cima uma camisa de riscado e um colete. - Ceroula atada em baixo e calças por cima arregaçadas, quando o trabalho era mais agreste despia-se as calças e ficava-se só com as ceroulas. - Os tamancos serviam só para as deslocações para o trabalho e deste para casa, mas a maioria andava desçalça todo o ano, à excepção quando iam à vila. - O homem do campo andava sempre com a roupa e aconchegos preparados para as adversidades do trabalho ou do tempo, ora vejamos; o lenço de assoar grande e de cor vermelho, servia também para pôr em redor do pescoço para não entrar pó, ou tapar o nariz e a boca, quando andavam nas eiras. - A saca e muitas vezes uma manta lobeira serviam para o homem se resguardar das intenpéries, frio, chuva, etc.
Rancho Folclórico da Fajarda: http://www.rf-fajarda.pt/