terça-feira, 30 de setembro de 2008

RANCHO DE DANÇAS E CANTARES DE AFIFE - VIANA DO CASTELO.

Foi por volta de 1920 que em Afife se iniciou o primeiro esboço para a formação de um agrupamento folclórico. Assim sendo, foi sob a direcção do afifense Tomás Fernandes Pinto, que foi constituído um grupo composto apenas por elementos femininos. A partir dessa data os afifenses foram dando continuidade ao grupo folclórico, até que no ano de 1962, sob a direcção do Dr. João Barrote, foi formado o célebre Grupo Folclórico de Afife. A freguesia de Afife situa-se a 10 km a norte de Viana do Castelo, junto ao mar. Toda a freguesia é de extremo interesse, devido às suas características geográficas e estruturais. Os trajes utilizados são trazidos pelos seus próprios elementos ou por familiares. Existem até trajes autênticos, do princípio do século. Cláudio Bastos referiu num estudo que intitulou de “Traje à Vianesa''
e onde também é mencionado o traje de Afife: “Este vestuário principalmente quando batido pelo sol, é um deslumbramento de coloração, uma verdadeira romaria de cores, nada pasmando que ele seja o predilecto da massa popular, alheia ao bairrismo das freguesias”. Os mentores do grupo foram a célebre Ofélia das Cachenas e o Cácio do João Enes (Cácio Bandeira). Pedro Homem de Mello, viveu sempre com entusiasmo o folclore de Afife. Dedicou-lhe poemas e considerou a Ofélia das Cachenas como a maior folclorista da região. Organizou diversos espectáculos e acompanhou o grupo em diversas deslocações. Na década de 80 o folclore em Afife esteve estagnado, até que, por altura da preparação de uma festa da escola primária em 1994, Catarina Pires, Abílio Torres, Carlos Fernandes, liderados por Rui Manuel Areias, decidiriam incentivar as crianças a dançar folclore, daí nasceu a ideia de criar o Rancho Infantil de Danças e Cantares de Afife. No dia 10 de Junho de 1995, o Rancho volta a renascer, contando com a participação de 20 pessoas e fazendo a primeira actuação no dia 5 de Agosto no Parque de Campismo da INATEL em Viana do Castelo, perante uma assistência que ultrapassou as mil pessoas. O Rancho foi legalizado por escritura pública a 9 de Abril de 1996 e a publicação no Diário da República deu-se a 26 de Julho do mesmo ano. O grupo é membro do Registo Nacional das Associações Juvenis (RNAJ). O Rancho de Danças e Cantares de Afife tem-se mantido activo desde então, contando-se várias actuações dentro e fora do país.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

TRAJE DE TRABALHO (CEIFEIRA) - MOIMENTA DA BEIRA - VISEU.


Blusa de tecido de algodão branco estampado (chita) com pequenos motivos azuis; gola larga guarnecida com bordado estreito; frentes ajustadas com botões; mangas compridas ajustadas no punho com bordado.

Saia de tecido de algodão estampado gorgorina, franzida na cintura. Avental de riscado azul, preto e vermelho cobrindo toda a frente da saia. Sobre a anca, corda servindo de cinta, arregaçando a saia e segurando uma cabaça.

Na cabeça , lenço de algodão estampado e chapéu de palha, de abas largas dobradas e atadas com as pontas do lenço. Calça socos romeiros.

Trajo simples nos tecidos e nos pormenores decorativos, como convém ao desenpenho do árduo trabalho agrícola da ceifa.

Contudo, as mulheres desta região, quando andam no trabalho, vestem uma saia de cor vermelha ou alaranjada, designada por

bichaneira (termo usado na beira para designar uma saia de trabalho).

A cabaça que suspende na cintura serve para levar a água com que mata a sede durante a jorna.

A designação de socos romeiros significa que foram usados nas romarias enquanto novos e passaram a ser usados no dia a dia quando já estavam velhos.

Fonte: O trajo regional em Portugal , de Tomaz Ribas.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

TRAJE DE NOIVA - MINHO.

O traje de noiva é, sem dúvida, um dos mais emblemáticos do trajar no Minho. A escolha do tecido preto confere a todo o traje a solenidade exigida ao próprio ritual do casamento ou às poucas ocasiões, excepcionais, em que ele era usado. Para assinalar esses momentos, a rapariga colocava ao peito todo o ouro que possuía, mostrando, assim, o seu poder econômico. Ambicionado por todas as raparigas casadoiras minhotas, este traje era objeto dos maiores cuidados e desvelos, logo guardado na arca, após as raras aparições em público, para um dia ser doado à filha ou à neta, como se de uma jóia se tratasse. Por vezes, serviria este traje, ainda, uma última vez, como mortalha. Composto por casaca de tecido de seda preta lavrada, ajustada ao corpo, formando uma pequena aba na cintura e contando com decoração em bordados aplicados de vidrilhos, galão, e fita de cetim pregueada, tudo em preto, saia de tecido preto de lã, com barra em veludo ricamente bordada em vidrilhos, decorada na orla com aplicação de fita e tira de cetim pregueada, avental de veludo preto, decorado com bordados em vidrilhos, formando a coroa real no centro, enquadrada por motivos vegetalistas, algibeira entre o avental e a saia, em forma de coração estilizado, bordada com vidrilhos, lenço branco de tule bordado com fio de seda, meias rendadas brancas e chinelas pretas bordadas em branco. No peito, sobre o fundo negro da casaca, sobressaem os ouros tradicionais, e, nas orelhas, usa-se os brincos à rainha. A rapariga leva, ainda, em mãos, com delicado bordado a ponto de cruz com motivos de simbologia amorosa, a segurar o ramo de noiva, um lenço de amor.


Fonte: O trajo regional em Portugal , de Tomáz Ribas.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

ROMARIA DE N. Sra DOS REMÉDIOS - LAMEGO.

Não se pode falar sobre o culto de Nossa Senhora dos Remédios sem referir o nome de D. Manuel de Noronha, bisneto do descobridor João Gonçalves Zarco. Ocupou um importante cargo no Vaticano do papa Leão X, tendo sido nomeado bispo de Lamego a meio do séc. XVI. Foi este o fundador da devoção e da confraria da Senhora dos Remédios, tendo mandado trazer de Roma a respectiva imagem.

A primeira capela foi erguida no local de uma outra, dedicada a Santo Estêvão, que trazia a esse monte alguns fiéis já desde 1361. A imagem da Virgem ganhou fama e avultadas esmolas eram deixadas no decorrer do séc. XVIII. Serão desta altura as primeiras festas em sua honra, que então duravam apenas um dia, tendo começado também a construção do actual santuário, um dos mais belos monumentos de Portugal, que só ficou concluído em 1905. A fachada, de inspiração barroca, é ladeada por duas torres sineiras, avistando-se de toda a cidade. Um escadório com 686 degraus ergue-se desde o centro da cidade até ao cimo do monte, estando cheio de lugares surpreendentes, como o Pátio dos Reis.

Ultrapassando, há muito, as fronteiras da região, as festas em honra de Nossa Senhora dos Remédios afirmaram-se como uma das mais importantes romarias que se realizam em Portugal. Desde a última quinta-feira de Agosto até ao dia 8 de Setembro, cerca de 300 mil pessoas vão agradecer à santa a resposta às suas preces ou, simplesmente, fazer a festa. A Procissão do Triunfo, nesse dia, é uma das poucas no mundo cujos andores continuam a ser puxados por juntas de bois, graças a uma especial permissão da Santa Sé, emitida em 1925. Os carros vão magnificamente engalanados.

Outra das peculiaridades desta romaria é a "marcha luminosa", que se realiza na noite do dia 6, sendo composta por uma dezena de carros alegóricos e numeroso figurado vivo, que percorre as ruas e avenidas da cidade. Na tarde do dia 7 ocorre a "batalha das flores", altura em que os romeiros lançam pequenos pedaços de papel colorido sobre o desfile. O programa fica completo com diversos eventos culturais e desportivos, folclore, espectáculos musicais e pirotécnicos, exposições e feira.


Fonte: «Enciclopédia das Festas Populares e Religiosas de Portugal, de Felipe Costa Pinto.